segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sábado, 29 de agosto de 2009

Momento

Quando veio o Vazio,
sai á tua procura,
percorri a nossa cidade,
num momento sem fim,
procurei-te na tua cidade,
e depois disso sem te ver,
perguntei a todos,
a todas as almas da cidade,
as avenidas eram minhas,
nos passeios a tua miragem,
fazia-me sonhar a 80kms hora.

No fim quando precisei de sair,
A serenidade de não te ver,
fez-me voltar a mim,
e naquele calmo regresso a casa,
cansado, exausto e depressivo,
morri.

A minha morte durou um dia,
passei um dia no passado,
mas esse dia terminou,
e sendo agora de noite,
sei que quem tenho de procurar,
é só e apenas a mim mesmo.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Prelúdio ao Momento II

Esperei,
Subi aquela montanha,
Esperando no topo dela encontrar um vulcão,
E me pudesse fundir em chamas contigo.
Descobri ao subir, que o gelo também queima,
E o vento corta, mais que um punhal,
Mas foi nas esterpes da montanha,
Que descobri a ironia da minha subida.

Não querias que fossemos um,
Querias que eu me lembrasse,
Que sem subir podia sonhar,
E sem sonhar podia subir.

E então dormi,
Em cada dia dormi mais,
Até no fim de todos esses dias,
Estar a um palmo do meu sonho,
Mas perder para sempre o teu calor.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Prelúdio ao Momento I

Tu ardias, e com o teu calor,
incendiavas cada passo, cada espaço do meu corpo,
eu sabia que a minha viagem, em maré de sonho,
poderia acabar em tempestades de dor, com preponentes rajadas de ilusão.

Mas então o sol surgiu, e se a água do mar,
apagou o que fôra outrora o teu fogo,
branca a luz do sol surgiu,e com aquele branco,
que é a junção de todas as cores,
em minha alma, encontrei também o verde,
e assim soube, que estava perto a ilha da minha salvação.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O Corvo que amou o amor.

Tudo o que eu queria,
Era partilhar contigo tudo o que sou,
Todas angústias, todos os medos,
E também o que me faz feliz.

E se a sinceridade não te desse razão,
Para cederes á emoção,
Ao menos que a tranquilidade,
Matasse o corvo que circunda o teu coração.

Cada minuto que passa,
Faz-me pensar que é tarde demais,
Para partilhar os nossos sentidos,
E contigo respirar a brisa de um dia,
Que por ser nosso, faz ofegar,
Meu coração foi teu desde amanhecer.

E se hoje, fazes do amor a tua calçada,
Pisando o teu passado com arrogância,
Sei que mentes e em alto voo,
Procuras encontrar um ninho,
Visando unicamente despedaça-lo,
Naquela escarpa, onde perdeste o coração.

De quem ...

De quem fui não me olvido
De quem sou não me alimento
Apenas com este tormento,
No silêncio me tento.

Porque eu sei que não merecia isto,
Sei que recebi a mais,
Que me importa, eu insisto,
Só a felicidade eu queria,
Queria tanto, que desisto.

Se é branco o livro que escrevo,
Se a tua cor não se entranha na minha carne,
Sei que à noite, o frio vai lutar com a minha alma,
E o rio de lágrimas, será afluente da minha insensatez.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O homem e o insecto

Naquele dia cinzento em que a névoa ocupava o ar e o sol se escondia, o homem vagueava como em qualquer dia da sua vida, não deliberadamente, mas no que era a sua rotina. O seu destino era incerto, não sabia se era para o que chamava casa, ou o trabalho, ou o sitio para onde realmente queria ir.

Nas entrelinhas do dia-a-dia, o homem vê o insecto, o insecto em sua vez, não vê nada, na sua vida que passou sempre por contornar obstáculos, os quais de uma grandeza que não imaginara, nem qualquer dia iria perceber, preso á sua condição.

Porém, nesse dia o insecto decidiu que iria tentar enfrentar o colosso que sempre tivera de contornar, talvez assim, a sua vida pudesse ser mais fácil, mais feliz. O homem, sensível apenas na sua medida, viu que o insecto o contemplava mas continuou em frente, porque tinha aprendido que o insecto, apenas agia por impulso.

Na verdade, eles eram iguais, mas nunca teriam capacidade para o entender, por mais que o homem pensasse e por mais que o insecto tentasse contemplar, a sua linguagem não era comum. Eles tinham as mesmas angústias, os mesmos colossos a contornar e o seu dia era igualmente cinzento, a escala, era apenas um pormenor, como tantos na vida, porque no fundo o lugar que eles queriam alcançar, era semelhante.

Assim, naquele dia cinzento, tão denso e no entanto tão fugaz, o homem e o insecto cruzaram-se e a vida de ambos num instante foi diferente, para depois disso, ser igual para sempre.