domingo, 15 de fevereiro de 2009

O homem e o insecto

Naquele dia cinzento em que a névoa ocupava o ar e o sol se escondia, o homem vagueava como em qualquer dia da sua vida, não deliberadamente, mas no que era a sua rotina. O seu destino era incerto, não sabia se era para o que chamava casa, ou o trabalho, ou o sitio para onde realmente queria ir.

Nas entrelinhas do dia-a-dia, o homem vê o insecto, o insecto em sua vez, não vê nada, na sua vida que passou sempre por contornar obstáculos, os quais de uma grandeza que não imaginara, nem qualquer dia iria perceber, preso á sua condição.

Porém, nesse dia o insecto decidiu que iria tentar enfrentar o colosso que sempre tivera de contornar, talvez assim, a sua vida pudesse ser mais fácil, mais feliz. O homem, sensível apenas na sua medida, viu que o insecto o contemplava mas continuou em frente, porque tinha aprendido que o insecto, apenas agia por impulso.

Na verdade, eles eram iguais, mas nunca teriam capacidade para o entender, por mais que o homem pensasse e por mais que o insecto tentasse contemplar, a sua linguagem não era comum. Eles tinham as mesmas angústias, os mesmos colossos a contornar e o seu dia era igualmente cinzento, a escala, era apenas um pormenor, como tantos na vida, porque no fundo o lugar que eles queriam alcançar, era semelhante.

Assim, naquele dia cinzento, tão denso e no entanto tão fugaz, o homem e o insecto cruzaram-se e a vida de ambos num instante foi diferente, para depois disso, ser igual para sempre.

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