quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O primeiro Adeus,

Um relance, uma interpretação de uma melodia que se repete vezes sem conta e a tecla de um piano que bate sem cessar no coração, até que o coração já não bate como batia e pulsa seguindo o escrito na melodia.

Quando se dá conta, nunca na hora certa, o que ele ouvia, já não é uma interpretação, já não é uma melodia, é a sua criação, nesse momento, até respirar é reescrever na pauta, já não de papel, mas a da sua vida.

Mas a mão que escreve, não é a mão que está ligada á cabeça, é em revés, a que segue a sua própria pulsação, da melodia que um dia fôra a que ele ouvira.

Por isso o primeiro Adeus, nunca é o adeus que se queria, mas uma tentativa de quem docemente sufocado pela melodia, tenta ouvir o bater do coração que embora seu, desde o primeiro acorde da sinfonia, deixou de lhe pertencer ...


Rui C. Alves em Prefácio da "Vida e Obra de Rui C.Alves"

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